sábado, 26 de abril de 2008

Canção Divina Celeste


Cinturão de Órion
Meu adereço buscado no céu
Confeccionado com estrelas
Manufaturado pela mulher
Amuleto poderoso
Protege-me de feitiços
Dos homens, do lobisomem
De fantasmas e do cinismo

Todos os raios, tens o poder
Embebido em sabedoria ancestral
De refratar quando convém
O que é hipócrita e imoral

Ursa maior
Abraça-me no frio
Em outro hemisfério
Por horas a fio
Deito sobre o leito
Na intenção de me alçar
Num vôo em desatino
Para no céu me deleitar

Todos os raios, tens o poder
Embebido em sabedoria ancestral
De refratar quando convém
O que é hipócrita e imoral

Ponta de estrelas
Faz-se multiplicar
Igualzinho a Lótus branca
Maravilha em mil pétalas
Veneno de Escorpião
Guardado por Antares
Para quando houver perigo
Misturar-te nos jantares

Todos os raios, tens o poder
Embebido em sabedoria ancestral
De refratar quando convém
O que é hipócrita e imoral

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sonhos de guerra na lua de São Jorge





Face à face com o dragão
Soprei o teu rosto
Fui reduzido a cinzas
Poeira que não concentra
Um milionésimo do que fora
a matéria em plena vida

Dominado pela maior força
talvez, a única capaz
de alimentar vazios atordoantes
Instaura-se impaciente espera
pela chama ao se extinguir
daí então me absorver

na escuridão onde não há cegueiras
de luzes que ardem e queimam
Me condenaram ao exílio
fui barrado no paraíso

Pobre de quem não crê
quando se depara frente à frente
com o maior milagre no que pode ser
aquilo de mais verdadeiro

Agora, trago uma centelha
faísca necessária para invocar
o espírito de uma fênix

Essa missa que eu ainda
hei, mas hei rezar...

terça-feira, 22 de abril de 2008

Vertigem


Ontem, sem me dar conta, caminhava em direção à morte.
Sua mão firmemente estendida, vacilante, segurei.
Pus um dos pés para além de sua porta, mas afinal, a ela não abraçei.
Como feitiço, usas-te do torpor do qual estava impregnado, para sua passagem deixar pouco ou quase nenhum vestígio.
Maldita! Por um instante quase a desejei.
Depois de tanto me atentar, me atiçar, me chamar, se declarar, suplicar, julgou-me.
E se reservou ao desprezo.
Não foi possível desta vez consumarmos nosso ato - seguem os flertes...
Hoje, caminho na paralela, seguindo jornada no sentido oposto, um reencontro.
Caminhando em busca da vida naquelas vidas que hei de saudar.
Os que deixaram de ser amigos ao se tornarem irmãos, num belo e misterioso ritual, às mãos de poucos homens.
Amanhã, incerto, cruzarei pela transversal.
A volta ao ponto de partida, onde o renascer pode ser eterno, numa viagem rumo a um destino de luz e calor.

Qualquer coisa


Acho que, a maneira como nos percebemos, o mundo ao redor, é um processo constante.
Mas apenas em certos momentos é que podemos enxergar tudo que muda.
Hoje acordei entre sonhos nostálgicos, lugares revisitados.
Talvez, algum tipo de mensagem vinda de outro lugar, esperando para ser desvendada, ou simplesmente conhecida e consciente da parte de alguém.
Parece, as vezes, que a vida é de fora para dentro.
Tudo que está do lado de fora, grita que não pode assim aguentar mais, essa condição, esse divórcio com o ser, que ainda tenta analisar cada sinal, cada informação que lhe é, não dada, mas talvez arremessada em sua direção.
Enquanto você tenta pensar sobre tudo o que vê, poderia não estar vivendo, e sim apenas obtendo impressões?
E a partir do momento que essas coisas invadem o seu espaço e a sua realidade, é que eu acredito que começa qualquer coisa.