segunda-feira, 19 de maio de 2008

Por una cabeza

Vi teu rosto insurgir da superfície de um lago.
Um ato de rebelião; dentro de mim, fora de mim.
Espalhou as ondas por todo raio do lago até as margens.
Suspiro um grito, silencio sussuro, brado escuridão.

Assombro de espiar apavorado, atravessar um rasgo no meio de um pano de fundo.

A vista do avesso - e toda a realidade instável, tampouco sólida.
Proponha os movimentos, mas não dance com estátuas.
Morra lentamente - mas não morra como matas.
E num retiro de tempo-espaço, perto da lua, faço tua a minha morada.

Olhos afundados em alma, nada deve distrair a calma.

Procuremos outros ventos, que assoviem outros segredos.
Não pode ser por vaidade, nem por vagos méritos.

Caçador de borboletas: sua rede foi rasgada.
De noite, numa noite, qualquer noite,
em que o perigo se apresentava, enquanto ninguém o vigiava.

O desejo exacerbado, por aquele brio de rigidez em finos tratos,
cedeu à gula da qual se fazem, alguns, escravos.

Apanhador de flores silvestres: cave a cova e enterre-se.
Goze do sono almejado, jamais conquistado e que nunca tiveste.
Ao suspirar um grito, lançar um brado-escuridão, soluçar silêncio-sussuro.

E debaixo de sete palmos, sob a forma de uma árvore,
deixar cair por uma cabeça tua maçã, na floresta do futuro.